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Ilha Grande-Rio de Janeiro, Brasil. Cenário de vários filmes

             Os primeiros habitantes foram os índios Tamoios, que a chamavam de "Ipaum Guaçú", em tupi, Ilha Grande. Durante o tempo colonial, grandes fazendas de cana-de-açúcar, e depois de café, trouxeram escravos africanos para a Ilha. Após a Lei Eusébio de Queiros, a Ilha tornou-se palco de tráfico de escravos.
             D. Pedro II em sua primeira visita à Ilha, ficou encantado com a sua beleza natural e a comprou, com a intenção de construir um local de quarentena para os estrangeiros que chegassem ao Brasil com doenças contagiosas. Para tal finalidade, foi construído o Lazareto, que ironicamente foi onde D. Pedro II passou sua última noite no Brasil, antes de ser expulso do país, junto com a família imperial. O Lazareto foi transformado em presídio no fim do século XIX.
            Outro presídio que também ficou famoso na Ilha foi o de Dois Rios, que recebeu presos políticos durante a Era Vargas, como Graciliano Ramos e Orígines Lessa. Mas foi durante a ditadura militar das décadas de 60, 70 e metade dos 80, que o presídio recebeu presos comuns e presos políticos. Desse contato, os presos comuns aprenderam a se organizar, como também táticas de guerrilha. O resultado foi o nascimento da facção comando vermelho, que até hoje domina a maior parte das favelas do Rio. O presídio de Dois Rios foi demolido em 1994, após o resgate do traficante Escadinha, que era o Fernandinho Beira-Mar da época. O pior que o resgate foi de helicóptero, a desmoralização foi tanta que depois daquilo era insustentável manter o presídio. 
           Mesmo depois de tantos anos sem os presídios, a vida da Ilha é de certa forma influenciada por eles porque muitos moradores eram funcionários e dá para perceber que alguns não gostam muito dos turistas; porém, pela ironia do destino muitos dos atrativos são as próprias ruínas dos presídios de Dois Rios e do Lazareto. Sem dúvida, os maiores atrativos são as praias, todas são  lindas, mas existem as mais famosas, como Lopes Mendes, Aventureiro, Parnaioca, Dois Rios, Santana, Palmas e as melhores na nossa opinião, o Caxadaço e Enseada das Estrelas. Além das praias, existem as trilhas e os pontos de mergulho, como a gruta do Acaiá, a Lagoa Azul ("Blue Lagoon", como você verá nas placas no Abraão) e a Lagoa Verde.

Catamarã, transporte até a Ilha Grande

       Para se chegar à grande ilha, muitas são as opções. Pelo número de opções, as escunas são as mais procuradas, pois saem de Angra e de Mangaratiba e algumas vão para outras praias, além do Abraão. Mais recentemente, existe o barco catamarã, que é um barco que faz a travessia em 40 minutos, mas se você não tem pressa e quer fazer a travessia curtindo o mar e a ilha, então vá de escuna, que faz a travessia em cerca de 2 horas. Os barcos são contratados no Píer principal, um quilometro depois da rodoviária. Mas, se você quiser economizar, existe a barca ferry boat com preço de R$ 6,00 durante os dias de semana e R$ 14,00 nos fins de semana e feriados. Na Ilha não se anda de carro, ou seja, terá que deixar o seu carro num estacionamento em Angra.

 Vista da Pousada Mara e Claude

A Vila do Abrão é a "capital" da Ilha. É onde está o comércio, o posto de saúde, as pousadas, os campings, local de embarque e desembarque. É também de onde saem todos os passeios de barco e todas as trilhas.

Vista do Pico do papagaio.

Há uma trilha para o Pico do papagaio, que é muito íngreme, mas a vista vale todo o esforço. A maioria das as trilhas na Iha são bem sinalizadas e o tempo de caminhada previsto nas placas de sinalização, para quem está acostumado com trilhas é sempre menor. O melhor é avaliá-las pela quilometragem.

                           
      Sobre as trilhas, é interessante porque sempre se aconselha a contratar guias. Aí depende do turista, se você não tem experiência em andar na mata, é recomendável; agora, para quem já está acostumado a andar na mata, não vejo necessidade, pois as trilhas são bem demarcadas, não tem como errar o caminho. Algumas trilhas, como a do Caxadaço, merecem um pouco mais de atenção, não há placas e em alguns trechos a trilha desaparece, mas é só prestar um pouco de atenção e observar o solo, ver as pegadas e onde está mais desmatado e você encontrará a trilha. É lógico que todo cuidado é pouco, se você se sentir inseguro, marque o local com alguma fita, nunca faça marcas nas árvores, ou leve um pouco de barbante e amarre no tronco das árvores, para depois na volta recolher. Se mesmo assim não se sentir seguro, dê meia volta, nunca se esqueça que o mais importante é a segurança. Leve sempre água, comida e um kit de primeiros socorros. Não devemos nos esquecer que a espécie humana já viveu nas florestas, nas savanas e até cruzando os desertos, como alguns índios brasileiros e os "masais" africanos ainda vivem; enfim, caminhar na mata está, antes de tudo, nos nossos genes. Portanto, nada de neurose!


Crena é uma praia particular, próxima da Vila do Abraão


      Algumas trilhas são de no máximo 15 minutos de caminhada e levam até as praias: do Abraãozinho, da Júlia, da Crena, do Morcego e Preta, são trilhas fáceis de se percorrer. Ficam próximas do Abraão. Nas praias do Abraãozinho e a praia seguinte, a do Morcego, dá até para fazer mergulho livre. Por outro lado, existem outras trilhas que são bem longas. O obstáculo maior não são as distâncias, mas o relevo da Ilha. As trilhas volta e meia passam por descidas e por subidas muito íngremes. Para se ter noção, a Ilha toda é circundada por trilhas que foram abertas ainda pelos escravos africanos e, muito tempo depois, muitas eram utilizadas nas fugas dos presos. Se você caminhar na trilha do Caxadaço, por exemplo, pense que ali onde você está pisando, foi um caminho de passagem de escravos há pelo menos 200 anos.
      Outras trilhas exigem mais, como da praia de Santo Antônio, você praticamente não vê o caminho,ou seja, a mata está fechando a trilhas. Você pode sair do Abraão bem cedinho, por volta das  7h, pois no verão ainda é fresco para caminhar. Você irá ter a vista da Crena, do Abrãozinho, chegará na Praia de Palmas, há uma trilha à esquerda até a praia Brava de Palmas, que tem um camping maravilhoso. Se seguir na trilha passando a Praia de Palmas chegará na Praia do Pouso, no final da Praia há uma trilha que segue até a Praia de Lopes Mendes, quase no final da trilha a direita está a trilha para a Praia de Santo Antônio.   


A Praia do Pouso é na trilha que vai até a Praia de Lopes Mendes

       Outra trilha com vários atrativos é a que vai até a Cachoeira da Feiticeira, e também da acesso a Enseada das Estrelas, Saco do Céu, Japariz, Funil, Frequesia de Santana, Lagoa Azul e Saco do Bananal. A praia do Bananal foi onde ocorreu o deslizamento e provocou a tragédia na pousada Sankay. Pra falar a verdade, o trecho mais bonito é até a Enseada das Estrelas. Após este ponto, existe uma pequena vila de moradores, é um local que mostra como vivem os ilhéus que praticamente não vivem do turismo, a não ser de algumas poucas pousadas, que funcionam como pequenos resorts, são "ilhas" dentro da ilha. Acredito que a população poderia ser incluída de alguma forma nesse processo porque senão num futuro não muito distante, os contrastes sociais poderão, no mínimo, afugentar os turistas. Quando fizemos a trilha, queriamos chegar até o Bananal, porém, uma tempestade estava se formando e resolvemos voltar de barco. Nós fomos até Frequesia de Santana, que é outro local bárbaro, pena que a praia foi comprada por um banco, tanto que existe uma cerca com uma casa linda no fundo. Aliás, qual a graça de comprar uma praia e construir uma mansão? Por mais suntuosa que seja a construção nunca se tornará mais bonita que a paisagem natural.  Então, nesse caso depende do perfil de quem está caminhando, ou seja, se você quiser ter contato apenas com paisagens e praias, vá até a Enseada das Estrelas, e se depois quiser conhecer Feira de Santana e o Bananal, vá de barco. Agora se você tem interesse em conhecer outros locais, além dos locais para turista ver, siga as trilhas. As próximas fotos são de praias distantes.



Lagoa Verde

  
Ponta da Baleia


"Pedra Feto".



Não pense que Ilha Grande não tem vida noturna, há excelentes restaurantes à beira mar. O jantar pode ser romântico à luz de velas, que possivelmete ajudarão a prolongar a noite.


Lagoa Azul


Enseada das estrelas

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